quarta-feira, 5 de março de 2014

O bebé real e o fantasiado – Reflexões de uma mãe psicóloga

Quando se está grávida pela primeira vez, fantasia-se os primeiros meses de vida do bebé e o próprio bebé intensamente. Apesar de prevermos algum cansaço, proveniente de uma dedicação contínua e exclusiva, são poucas as mães que não anseiam a data em que irão conhecer o bebé. Esse, na sua capacidade infinitamente imaginativa, assemelha-se a um bebé de 6, 7 meses. Já com resposta intencional aos desafios da mãe, de olhar terno e meigo, risonho, apelativo e tremendamente encantador, não fosse a sua capacidade de sedução materna, o seu grande trunfo. Todas as mães anseiam por aquele momento em que o bebé cansado da brincadeira partilhada, repousa a cabeça no seu ombro, ou daquele em que o bebé balança ao som da sua música preferida, sem excluir o momento em que, pela primeira vez, estendem os bracinhos num pedido terno de colo e carinho. Este é o bebé que se imagina. Confesso que sempre me encantei mais pelo bebé falante, que se perde numa conversa a dois, onde os porquês e as explicações nunca são suficientes. Ainda hoje anseio esses momentos com a minha filha, mas já me dou por satisfeita por entender, no seu olhar e sons, as suas vontades e o ritmo do nosso diálogo. Os cinco primeiros meses são essenciais para que nesta altura a capacidade relacional do bebé se exponha e entregue na maravilhosa afectividade que são os momentos partilhados em família.


Quando o primeiro filho nasce, é tudo novo e tudo parece bem mais complicado do que realmente o é. Não é por acaso que tantas vezes ouvimos mães de 2, 3 filhos, dizerem que a partir do segundo tudo é mais fácil. Mas a realidade é esta! Nem sempre os bebés são fáceis, a privação do sono é tremendamente dolorosa e o choro do bebé pode ser muito desgastante. É importante que as mães de “primeira viagem” saibam isso, e que é normal pensar, “e agora?” ou “no que me fui meter”. É normal sentirem-se exaustas e por isso nem sempre de humor fácil e fluído. É assim com a maioria das mulheres que são mãe pela primeira vez. Comparar-se com a imagem mascarada de super mãe que cuida do bebé, da casa, da família, que segue com os projectos profissionais e que expõe sorridentemente a sua energia e alegria, é tremendamente injusto. Também essas mães têm os seus momentos de cansaço, de sensação de incapacidade face a todas as exigências que sentem. Os primeiros meses não são fáceis mas são o trampolim para volvidos 6 meses ter ao seu lado o bebé que tanto ansiou. Aquele que quando adormece, dá vontade de acordar só para prolongar os sorrisos e a alegria de ouvir a sua gargalhada. Aquele que se surpreende com a brisa do vento, com os pingos de chuva, que chapina na banheira e se entusiasma com tudo que lhe mostra, só porque de si espera sempre o melhor.

Este mês descobri que a minha filha se emociona com músicas de ritmo pausado e de tom nostálgico. Fica com os olhos brilhantes de lágrimas e os seus lábios não escondem a emoção que sente. O que me surpreendeu momentaneamente fez-me pensar também no quanto eles já sentem sendo mesmo tão pequenos. No quanto merecem a nossa entrega sincera e o nosso melhor. No quanto já são capazes de sentir, mesmo sem compreenderem, o sussurro dos seus pequenos corações. São uma montanha de possibilidades e um mundo por descobrir. É por volta dos 6, 7 meses que o bebé que imaginou nasce. E esse prazer, essa alegria é tão ou mais intensa quanto o momento do nascimento real. Quando se sentir cansada, sem energia, pense no que o futuro lhe reserva!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A importância das rotinas!

Os bebés não são compreensíveis e pacientes. Adoram as suas rotinas e é através delas que encontram o equilíbrio perfeito para aprenderem novas competências. E essas também se fortalecem através da repetição. Basicamente quanto mais semelhantes forem os seus dias mais disponíveis estão para se aventurarem na procura de novos balbucios, movimentos e brincadeiras. Um bebé sem rotinas é um bebé facilmente irritável e emocionalmente instável. Todas as partes do dia devem ser estruturadas e rotineiras. A hora do banho, a hora do deitar, a da papa e da brincadeira como todas as outras não devem diferir drasticamente de dia para dia. Os bebés têm horários para tudo e embora não o percebam reagem a todas as mudanças com alterações do comportamento. Da mesma forma quando é estritamente necessário mudar rotinas o bebé terá de contar com a paciência infinita dos cuidadores e são necessários pelo menos 3 dias para que se readapte à nova rotina.
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Mudar o ambiente ou a hora do banho de dois em dois dias, por exemplo, será o suficiente para que o bebé se sinta perdido e incapaz de prever o que se segue, o seu dia. Da mesma forma, grandes alterações na hora ou nas condições em que se prepara para o sono nocturno será o suficiente para que a tranquilidade do sono se perca. Se sente que o seu bebé está facilmente irritável e pouco satisfeito com as suas próprias brincadeiras ficando aborrecido rapidamente tente perceber se alterou alguma rotina ou se de facto consegue proporcionar rotinas ao seu bebé. Os mais pequenos, completamente alheios à azafama da vida dos pais, precisam tanto das rotinas como de um sono reparador ou uma alimentação cuidada. Não descure este aspecto e promova a estabilidade necessária para que o seu bebé cresça seguro, feliz e disponível para explorar o mundo.  

*Imagem retirada da Internet

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

As sopas, as papas e os bebés

A alimentação é um motivo frequente de preocupação dos pais. Já para os bebés é apenas mais uma aprendizagem, descoberta e experiência. A inclusão inicial da papa ou da sopa implica o uso da colher e é natural que as primeiras experiências sejam sinónimo de roupa suja e algum choro. Muitos pais fantasiam esta primeira aventura na certeza que dará o excelente vídeo para ambos reverem dali a dez anos, e rapidamente se decepcionam porque ou fazem um vídeo muito bonito para recordar ou se entregam de “corpo e alma” à aventura da aprendizagem do uso da colher e da experiência de novos paladares e texturas. Para o bebé, tudo é novo, um objecto estranho, que nada tem de semelhante a uma tetina ou mamilo, e sabores totalmente distintos. São necessárias 10 experiências com um novo alimento para que a criança se habitue ao seu paladar e são raros os alimentos que após estas experiências sejam rejeitados pelo bebé. Embora, enquanto pais, queiramos poupar o choro e o desconforto do nosso bebé também é certo que somos os responsáveis pela sua variada e saudável alimentação ou o contrário. Estas novas experiências deverão contar com muita paciência, tranquilidade e expectativas reais, fantasiar um bebé disponível, limpo e com um apetite voraz para novos alimentos será sempre um mau prenúncio. 
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Tenha presente que as mudanças implicam sempre desconforto e exigem tempo para a adaptação, insista mas evite utilizar o truque da chupeta (utilizar a sucção não nutritiva como forma do bebé engolir o que tem na boca) e as típicas distracções para que o bebé não se aperceba que está a comer. O que lhe ensinar e transmitir será a forma com irá encarar a alimentação. Se a refeição for pautada de intenções de distracção, inibidoras da percepção das texturas e dos sabores é certo que dificilmente, no futuro, seja uma criança curiosa pelos alimentos e com gosto pela alimentação. Se o seu bebé não comer a sopa toda, mas o que comeu foi de forma intencional e consciente então não insista com o resto. Procure a sua intuição e certamente perceberá quando deve insistir ou ser mais tolerante na quantidade de alimento ingerido. A hora da refeição não deverá ser encarada com medo ou receio mas como algo natural, tal como o é a hora do banho e das rotinas de higiene. Não sobrevalorize a alimentação, tornando-a um momento de tensão, pelo contrário tente que seja um momento de partilha. Mantenha sempre o contacto visual e converse com o bebé, fale do que se está a passar, descreva a sopa e todas as novidades que vai introduzindo.  
*Imagem retirada da Internet

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