A ambliopia, exclusiva do grupo etário pediátrico, pode ser definida como a diminuição da acuidade visual por ausência da formação de uma imagem clara na retina durante o período de desenvolvimento visual. O olho é estruturalmente normal, não sendo o défice de visão corrigível com refracção. Esta patologia pode ser classificada, de acordo com o mecanismo etiológico, em três subtipos: ambliopia de privação, ambliopia estrábica e ambliopia refractiva. No primeiro grupo incluem-se as situações resultantes da ausência da estimulação luminosa da retina, por alteração do segmento externo (ptose, hemangioma palpebral …), ou por opacidade dos meios transparentes. Este subtipo é o de maior gravidade, uma vez que o tempo de sensibilidade ao tratamento é de apenas 12 semanas. Por sua vez, a ambliopia estrábica resulta de anomalia da binocularidade por falta de alinhamento dos eixos visuais, e inclui quer os estrabismos manifestos ou evidentes (tropias), quer os latentes (forias). Neste caso, para que a intervenção terapêutica seja eficaz, o seu início deve ser o mais precoce possível, de preferência logo que detectado o estrabismo e sempre antes dos dois anos, uma vez que o período crítico para o desenvolvimento da visão binocular vai até esta idade. Por fim a ambliopia de causa refractiva, que surge como consequência da ametropia (hipermetropia, miopia ou astigmatismo) grave bilateral ou anisometropia. Este é o subgrupo de menor gravidade, com possibilidade de sucesso terapêutico até aos 6-7 anos. Atingindo cerca de 2 a 5% da população infantil, a ambliopia tem um prognóstico dependente da idade do diagnóstico. Quando atempado o tratamento é 100% eficaz, sempre abaixo dos 6-7 anos de idade. A prevenção primária é a medida mais eficaz na redução da morbilidade e mortalidade, devendo basear-se na realização de rastreios oportunistas, a efectuar na Consulta de Vigilância Infantil. As situações de presunção de doença devem então ser referenciadas para observação especializada por Oftalmologia.
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