-Vou auscultar-te… Ouvir o teu coração…
-Ui, que frio!
-OK! Ouço por cima… Por cima da camisola…
-Está bem!... És velhinha?
-O que disseste? Não percebo… Espera um pouco…
-Se és uma pessoa velhinha?
-O teu coração está ótimo!... O que disseste?
-Se és uma pessoa velhinha?
-Velhinha? Hum… Talvez… Sim… Sou uma pessoa a ficar velhinha…
-Eu sou novinha! Não sou uma pessoa!
-Claro que és uma pessoa! Uma pessoa novinha.
-Não! Não sou uma pessoa! Sou novinha!
-Eu sei, eu sei, és novinha. Mas também uma pessoa…
-Não sou uma pessoa!
-Vou ver os teus ouvidos…
-Não! Não quero!
-Deixa lá ver… Olha, olha! Parece-me que tens um elefante dentro deste…
-Hum? O quê?
-Pareceu-me ver a tromba de um elefante a sair deste… Acho que sim. Que tens um elefante neste ouvido… Deixa lá ver…
-Não!
-Não custa nada! Vou mostrar-te como é com este ursinho. Vês? Ele deixou! E tem um furinho…
-Queres ver tu?
-Com essa coisa? Quero! … Tem um furinho! Tem um furinho!
-Pois, como eu te disse! Tu também tens, posso espreitar?
-Não! Eu não tenho nada nos ouvidos!
-OK! Não tens nada nos ouvidos… Mas era melhor eu ver… Para termos a certeza. Vamos fazer um acordo: Eu vejo primeiro os teus e tu vês depois os meus…
-Com essa coisa?
-Sim.
-Não! Não tenho nada nos ouvidos!
-Bom, talvez tenhas razão… Não tens nada nos ouvidos. Então já está tudo. O pai vai ajudar-te a vestir o casaquinho...
-Adeus!
-Adeus!...
-Olha… Eu tenho ursinhos nos ouvidos…
-Não tens nada!
-Tenho, tenho! Queres ver?
*Consulta de Pediatria
Lara, 4 anos
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