Quase a completar uma década de
prática clínica deparo-me diariamente com a falta de informação quanto ao
funcionamento da consulta psicológica e psicoterapia.
A consulta psicológica pode ser
pontual, numa situação objectiva onde o sofrimento ou desorganização emocional
é decorrente de um acontecimento recente, com por exemplo um luto. No entanto,
o mais frequente é iniciar o processo por uma primeira consulta de exploração
do motivo e história clínica do paciente. Na consulta com crianças reservamos a
parte final para uma conversa a dois, onde se respeita a confidencialidade do
acto clínico. Esta deverá ser uma questão a abordar com os pais no início do
processo, o nosso paciente é a criança e por isso respeitaremos o sigilo
daquilo que nos é confidenciado, com excepção das situações de perigo para a
própria e terceiros.
No final da primeira consulta
agenda-se a avaliação psicológica para a semana seguinte. A duração da
avaliação depende das escalas aplicadas, com crianças é recomendado realizar
uma pausa para descanso ou o agendamento de duas sessões de avaliação. Alguns
pais estranham nesta consulta não estarem presentes. Pretende-se que a criança
não seja alvo de qualquer pressão e/ou encorajamento; a presença dos pais pode promover
o desejo de corresponder às suas expectativas falseando os resultados e
inibindo a espontaneidade pretendida.
A consulta de devolução dos
resultados da avaliação psicológica ou neuropsicológica é realizada na semana
seguinte. A criança deverá estar presente na consulta juntamente com os pais ou
principais cuidadores. Os resultados são apresentados e explicados
contextualizando todos os dados obtidos quer na primeira consulta, quer na
avaliação. Alguns pais prefeririam a ausência da criança mas é essencial a sua
presença na construção de uma atmosfera de comunicação aberta que não existia
anteriormente. Mediante as conclusões obtidas recomendamos ou não o
acompanhamento da criança em psicoterapia, a realizar semanalmente. Alguns
colegas optam por não ceder o relatório de avaliação psicológica e só o fazem
mediante pagamento suplementar; no entanto aquilo que me parece ser mais
correcto, e por isso a minha opção, é incluir nesta consulta o relatório que
deverá ser conservado dada a sua utilidade em futuras consultas e avaliações.
Actualmente a Ordem dos Psicólogos Portugueses disponibiliza aos seus membros vinhetas que
deverão ser usadas garantindo que o Psicólogo que avaliou o seu filho é membro
desta Ordem e por isso lhe é reconhecida competência para avaliação e
acompanhamento. No entanto, o uso da vinheta não é obrigatório pelo que se
tiver alguma dúvida não hesite em questionar o número de cédula profissional,
nenhum profissional competente e rigoroso lhe irá recusar essa informação.
Habitualmente o valor da
avaliação psicológica engloba a consulta de avaliação, a consulta de devolução
dos resultados e o relatório datado e assinado pelo profissional de psicologia.
Este valor é pago no final da sessão de avaliação assegurando que o trabalho na
interpretação dos resultados e redacção do relatório é remunerada caso o
paciente desista do processo de avaliação e falte à consulta de devolução dos
resultados.
Se se verificar a necessidade de
acompanhamento este é iniciado na semana seguinte, habitualmente com frequência
semanal mantendo o dia da semana e horário inicialmente escolhido pelos pais. A
duração é de 35 minutos, e a esta consulta damos o nome de Ludoterapia. Salvo
raras excepções, é muito bem aceite pelas crianças e prolonga-se por cerca de 6
meses altura em que se deverá repetir a avaliação psicológica tendo como
objectivo a alta clínica ou o ponto de situação no seguimento, permitindo novas
linhas orientadoras do acompanhamento.
*Imagem retirada da internet
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