terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A Consulta de Psicologia à lupa... Questões práticas


Quase a completar uma década de prática clínica deparo-me diariamente com a falta de informação quanto ao funcionamento da consulta psicológica e psicoterapia.

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A consulta psicológica pode ser pontual, numa situação objectiva onde o sofrimento ou desorganização emocional é decorrente de um acontecimento recente, com por exemplo um luto. No entanto, o mais frequente é iniciar o processo por uma primeira consulta de exploração do motivo e história clínica do paciente. Na consulta com crianças reservamos a parte final para uma conversa a dois, onde se respeita a confidencialidade do acto clínico. Esta deverá ser uma questão a abordar com os pais no início do processo, o nosso paciente é a criança e por isso respeitaremos o sigilo daquilo que nos é confidenciado, com excepção das situações de perigo para a própria e terceiros.

No final da primeira consulta agenda-se a avaliação psicológica para a semana seguinte. A duração da avaliação depende das escalas aplicadas, com crianças é recomendado realizar uma pausa para descanso ou o agendamento de duas sessões de avaliação. Alguns pais estranham nesta consulta não estarem presentes. Pretende-se que a criança não seja alvo de qualquer pressão e/ou encorajamento; a presença dos pais pode promover o desejo de corresponder às suas expectativas falseando os resultados e inibindo a espontaneidade pretendida.

A consulta de devolução dos resultados da avaliação psicológica ou neuropsicológica é realizada na semana seguinte. A criança deverá estar presente na consulta juntamente com os pais ou principais cuidadores. Os resultados são apresentados e explicados contextualizando todos os dados obtidos quer na primeira consulta, quer na avaliação. Alguns pais prefeririam a ausência da criança mas é essencial a sua presença na construção de uma atmosfera de comunicação aberta que não existia anteriormente. Mediante as conclusões obtidas recomendamos ou não o acompanhamento da criança em psicoterapia, a realizar semanalmente. Alguns colegas optam por não ceder o relatório de avaliação psicológica e só o fazem mediante pagamento suplementar; no entanto aquilo que me parece ser mais correcto, e por isso a minha opção, é incluir nesta consulta o relatório que deverá ser conservado dada a sua utilidade em futuras consultas e avaliações. Actualmente a Ordem dos Psicólogos Portugueses disponibiliza aos seus membros vinhetas que deverão ser usadas garantindo que o Psicólogo que avaliou o seu filho é membro desta Ordem e por isso lhe é reconhecida competência para avaliação e acompanhamento. No entanto, o uso da vinheta não é obrigatório pelo que se tiver alguma dúvida não hesite em questionar o número de cédula profissional, nenhum profissional competente e rigoroso lhe irá recusar essa informação.

Habitualmente o valor da avaliação psicológica engloba a consulta de avaliação, a consulta de devolução dos resultados e o relatório datado e assinado pelo profissional de psicologia. Este valor é pago no final da sessão de avaliação assegurando que o trabalho na interpretação dos resultados e redacção do relatório é remunerada caso o paciente desista do processo de avaliação e falte à consulta de devolução dos resultados.

Se se verificar a necessidade de acompanhamento este é iniciado na semana seguinte, habitualmente com frequência semanal mantendo o dia da semana e horário inicialmente escolhido pelos pais. A duração é de 35 minutos, e a esta consulta damos o nome de Ludoterapia. Salvo raras excepções, é muito bem aceite pelas crianças e prolonga-se por cerca de 6 meses altura em que se deverá repetir a avaliação psicológica tendo como objectivo a alta clínica ou o ponto de situação no seguimento, permitindo novas linhas orientadoras do acompanhamento. 

*Imagem retirada da internet

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