Quando se está grávida pela primeira vez, fantasia-se os primeiros meses de vida do bebé e o próprio bebé intensamente. Apesar de prevermos algum cansaço, proveniente de uma dedicação contínua e exclusiva, são poucas as mães que não anseiam a data em que irão conhecer o bebé. Esse, na sua capacidade infinitamente imaginativa, assemelha-se a um bebé de 6, 7 meses. Já com resposta intencional aos desafios da mãe, de olhar terno e meigo, risonho, apelativo e tremendamente encantador, não fosse a sua capacidade de sedução materna, o seu grande trunfo. Todas as mães anseiam por aquele momento em que o bebé cansado da brincadeira partilhada, repousa a cabeça no seu ombro, ou daquele em que o bebé balança ao som da sua música preferida, sem excluir o momento em que, pela primeira vez, estendem os bracinhos num pedido terno de colo e carinho. Este é o bebé que se imagina. Confesso que sempre me encantei mais pelo bebé falante, que se perde numa conversa a dois, onde os porquês e as explicações nunca são suficientes. Ainda hoje anseio esses momentos com a minha filha, mas já me dou por satisfeita por entender, no seu olhar e sons, as suas vontades e o ritmo do nosso diálogo. Os cinco primeiros meses são essenciais para que nesta altura a capacidade relacional do bebé se exponha e entregue na maravilhosa afectividade que são os momentos partilhados em família.
Quando o primeiro filho nasce, é tudo novo e tudo parece bem mais complicado do que realmente o é. Não é por acaso que tantas vezes ouvimos mães de 2, 3 filhos, dizerem que a partir do segundo tudo é mais fácil. Mas a realidade é esta! Nem sempre os bebés são fáceis, a privação do sono é tremendamente dolorosa e o choro do bebé pode ser muito desgastante. É importante que as mães de “primeira viagem” saibam isso, e que é normal pensar, “e agora?” ou “no que me fui meter”. É normal sentirem-se exaustas e por isso nem sempre de humor fácil e fluído. É assim com a maioria das mulheres que são mãe pela primeira vez. Comparar-se com a imagem mascarada de super mãe que cuida do bebé, da casa, da família, que segue com os projectos profissionais e que expõe sorridentemente a sua energia e alegria, é tremendamente injusto. Também essas mães têm os seus momentos de cansaço, de sensação de incapacidade face a todas as exigências que sentem. Os primeiros meses não são fáceis mas são o trampolim para volvidos 6 meses ter ao seu lado o bebé que tanto ansiou. Aquele que quando adormece, dá vontade de acordar só para prolongar os sorrisos e a alegria de ouvir a sua gargalhada. Aquele que se surpreende com a brisa do vento, com os pingos de chuva, que chapina na banheira e se entusiasma com tudo que lhe mostra, só porque de si espera sempre o melhor.
Este mês descobri que a minha filha se emociona com músicas de ritmo pausado e de tom nostálgico. Fica com os olhos brilhantes de lágrimas e os seus lábios não escondem a emoção que sente. O que me surpreendeu momentaneamente fez-me pensar também no quanto eles já sentem sendo mesmo tão pequenos. No quanto merecem a nossa entrega sincera e o nosso melhor. No quanto já são capazes de sentir, mesmo sem compreenderem, o sussurro dos seus pequenos corações. São uma montanha de possibilidades e um mundo por descobrir. É por volta dos 6, 7 meses que o bebé que imaginou nasce. E esse prazer, essa alegria é tão ou mais intensa quanto o momento do nascimento real. Quando se sentir cansada, sem energia, pense no que o futuro lhe reserva!