Todas as mães com uma profissão
ligada ao desenvolvimento infantil ficam simplesmente maravilhadas todos os
dias! Porque todos os dias se apercebem das mais ténues pistas que muitas vezes
poderão passar despercebidas às outras mães e pais. E enquanto se embala o bebé
no colo que tem o exacto contorno que permite o perfeito encaixe com o bebé em
muito se pensa. Por vezes não se pensa, é certo… só se aproveita os minutos de
silêncio para sossegar o cérebro, que entretanto foi reprogramado para dar
resposta a todas as necessidades daquele tão pequeno e adorado ser. Mas quando
se divaga e se percorre rapidamente o dia fazendo o balanço para o encerrar,
surgem algumas conclusões. E inevitavelmente pensamos em muitas questões do
desenvolvimento dos nossos filhos. No meu caso em particular, essas questões
não se prendem com angústias e preocupações mas pelo contrário pelo fascínio de
encontrar nas ténues pistas a chave perfeita à luz dos mais adorados
especialistas desta área. Muitas vezes este é o mote para as nossas próprias
reflexões enquanto profissionais. Foi num destes momentos que me surgiu o que
designei desde então “o código de toque”. Obviamente que esta reflexão foi proporcionada
também pela preparação do workshop que mais tarde daria sobre Massagem do Bebé.
E, por me parecer que além de interessante poderia ser uma ferramenta de apoio
aos recém pais e cuidadores, decide partilhá-la.
Não é necessário ser pai ou mãe
para perceber que um dos principais e privilegiados meios de comunicação com o
recém-nascido é o toque pele a pele. Infelizmente é muitas vezes descurado na
preocupação constante de manter o bebé aconchegado e quente, mas existem muitas
possibilidades, que na consciência da sua importância, são colocadas em
prática. Aproveitar a hora da muda da fralda, estipular um momento tranquilo de
massagem ou simplesmente tirar partido do tipo de toque, do seu ritmo e
intensidade, são óptimas estratégias para que a interacção com o bebé se inicie
logo após o nascimento. Foi nessas primeiras horas, de pura contemplação que
comecei a tocar suavemente com o meu dedo indicador o nariz minúsculo da minha
bebé. E desde então esse é um dos meus principais trunfos para a relaxar e
adormecer. Fui também reparando que a avó e o pai tinham outras estratégias… o
pai embalava dando suaves palmadinhas e a avó fazia “festinhas” nas bochechas.
Todos nós tínhamos formas diferentes de interagir através do toque e todas elas
eram eficazes. Ao longo do tempo fui percebendo que aquelas estratégias eram infalíveis
se se tratasse do cuidador que as iniciou. Existe, de facto, um código de toque
que permite ao bebé desde tenra idade conhecer o cuidador, obviamente com o
auxílio das especificidades da voz, do cheiro e da expressão facial. Não
devemos descurar o toque na comunicação como o bebé e é sempre benéfico se adoptarmos
um toque que nos identifique. O bebé é muito mais do que um ser que como e
dorme. Está disponível para entrar em relação desde as primeiras semanas de
vida e os cuidadores podem e devem usar todas a estratégias que estiverem ao
seu alcance para que a vinculação se inicie e fortaleça. Muito provavelmente ao
ler estas palavras tomará consciência de que sempre teve um código de toque com
o seu bebé. Fique então a saber que é uma poderosa ferramenta na vinculação ao seu
filho. Às mães que se sentem perdidas no cuidado ao recém-nascido, demasiado
duvidosas do seu desempenho ou em depressão pós-parto, esta pode ser uma dica de
valor. Inicie hoje mesmo um código de toque!
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