Os despertares nocturnos para cuidar
da minha bebé são, quase sempre e quando o cansaço não é sinónimo de exaustão,
promotores de reflexões acerca dos laços que nos unem a pequenos mas tão
poderosos seres. Quando lhe guardo o sono muitas vezes pressinto na sua
respiração tranquila um número infinito de possibilidades, tudo está em aberto
para aquela futura pessoa. São infinitos os caminhos que poderá percorrer. E
facilmente penso-a enquanto adulta, segura das suas decisões e opções. Um
destes dias pensei, “serás certamente uma excelente mãe”. Como mãe não poderia
pensar de outra forma… e recordo-me de me dizerem exactamente o mesmo no
hospital, poucas horas após o parto. Eu sei que sou a melhor mãe do universo,
do universo da minha filha! Todas as mães o são, simplesmente porque se
disponibilizaram a amar e cuidar aquela (especifica) pessoa até ao último dia
das suas vidas. E portanto não existem más mães. Poderão existir progenitoras
que não se transformaram em mães, ou porque nunca o desejaram, e entregaram os
filhos para adopção, ou porque uma doença física ou mental lhes impediu o
processo. Estas últimas podem sempre, e em qualquer altura, se tornar
excelentes mães, as melhores… para os seus filhos! Basta para isso que sintam vontade,
se aventurem no desconforto que algumas mudanças inevitavelmente provocarão, e
procurem soluções, possivelmente ajuda para esta transformação. Como psicóloga
já vi nascer algumas mães e não existe maior satisfação para um profissional de
saúde mental.
Acompanho actualmente um menino,
o João (nome fictício) com uma perturbação do espectro do autismo. É um menino
que não se entrega como os outros, que a comunicação não flui naturalmente e
que a disponibilidade para cuidar e deixar-se cuidar é muito baixa. No entanto
este menino tem a melhor mãe do mundo! E quis o destino que essa mãe não fosse
a sua progenitora. A vida de ambos lá se encarregou de cruzar os caminhos que
um e outro teriam de percorrer para encontrar a mãe e o filho. Hoje, apesar dos
desafios constantes, não há rigorosamente nada que abale os seus papéis. Muitas
vezes insegura, a mãe pede ajuda; muitas vezes questiona se a sua atitude foi a
melhor nesta e naquela situação mas em vez alguma desistiu e só não o fez
porque é a melhor mãe do universo… do universo do João! Ser mãe é isso mesmo,
procurar ajuda e suporte quando é necessário ou quando simplesmente a
insegurança “bate à porta”. Deixá-la entrar e instalar-se é que não é solução. Ela
é certeira na chave do medo e contamina toda e qualquer relação.
Para ser progenitora basta
querer, para ser mãe basta amar. O amor por um filho comporta tudo, todos os
esforços, todos os desafios e aventuras. Se é mãe, orgulhe-se porque é a melhor
mãe do universo… do seu filho!
* Imagem retirada da Internet
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