quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Com o brincar não se brinca!

Frequentemente na consulta psicológica os pais referem que não brincam com os filhos. O mais habitual é justificarem com a falta de tempo, deles e dos mais pequenos… Alguns pais ficam surpreendidos com a pergunta e acham que não é relevante partilharem esse momento com os filhos. Quanto ao brincar, esse tem costas largas, pode ser ver televisão, jogar na playstation ou montar um puzzle. É importante diferenciar conceitos. Jogar pressupõe seguir uma série de regras que permite organizar e estruturar uma actividade de início ao fim. O jogo tem sempre um objectivo final, são poucos aqueles que não envolvem um vencedor e um vencido. Os jogos são importantes porque ensinam regras, o respeito pela vez do outro e exigem a capacidade de planeamento, pensar e pôr em prática estratégias. Alguns permitem o desenvolvimento de competências mais específicas como a memória visual, a concentração, a orientação visuo-espacial, etc.
O brincar esse é livre, não tem guião nem leme orientador. Surge da capacidade imaginativa da criança que se entrega por inteiro à sua fantasia. Nele concretiza os seus maiores medos e as suas maiores admirações. Nele a criança projecta o amanhã e vive o presente. Ensaia a vida sem nunca se comprometer, começa uma história que poderá não ter fim… O brincar é indispensável ao desenvolvimento emocional. Uma criança que não brinca dá-nos conta da sua débil saúde mental, alerta-nos para a urgência do seu acompanhamento psicológico. O brincar permite à criança, o desenvolvimento de áreas cerebrais que serão fundamentais à aprendizagem de conteúdos formais, na escola. Desta forma, não há como fugir! As crianças têm de brincar, esse não é o seu tempo de descanso mas sim o tempo de construção, de expressão e desenvolvimento. Brincar não é perder tempo, é permitir à criança construir os alicerces para amanhã se tornar um adulto feliz e responsável.


Incluir os pais na brincadeira é como juntar calda de açúcar a um bolo. Mas atenção, brincar a sério! Entrar no mundo de fantasia da criança, e desinibir os movimentos, destravar a língua e entregar-se a uma gargalhada sentida! Se ficar exausto, com dor de costas e não conseguir apagar o sorriso que se instalou, então fique a saber que está de parabéns. Também aos adultos faz bem brincar. Relembra questões bem pertinentes, as quais se esquecem pela frieza do dia-a-dia demasiado real e duro. O brincar partilhado pode ser apenas de 15, 20 minutos. Mas as crianças precisam de mais tempo, sozinhas, acompanhadas pelos irmãos ou amigos…


Lembre-se que o brincar não exige uma montanha de brinquedos! Poderá até nem envolver qualquer objecto… Mas essa decisão cabe apenas à criança, decidir a que quer brincar e como o fazer. O adulto não dá respostas, não impõe brincadeiras ou conduz o brincar. Nas crianças mais indecisas o adulto pode ajudar a organizar o pensamento, questionando, “diz-me lá a que vamos brincar”, “a que te apetece brincar?”, sem sugerir ou impor soluções. É difícil mas como em tudo o treino melhora a função. Quantas mais vezes se entregar ao brincar mais fácil será se envolver verdadeiramente. Experimente! E lembre-se, o seu filho tem de brincar, não é uma escolha é simplesmente assim…

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