sábado, 17 de abril de 2010

Amigos Imaginários II

Por que motivo surgem os AI? O mais frequente é a diversão e a companhia que proporcionam; aceitam todas as brincadeiras, regras e o mais aliciante é permitirem que a criança ganhe sempre o jogo.

A solidão é outro motivo pelo qual os AI são criados, surgindo principalmente nos filhos únicos ou na altura do nascimento do primeiro irmão. A criança sente-se acompanhada e tem um óptimo parceiro de brincadeira, aquele que ouve, aceita e não critica.

O AI permite ainda sentir-se competente e ensaiar a interacção. Os meninos criam-nos competentes, com aquelas características que culturalmente foram ensinados a valorizar; fortes, poderosos, semelhantes a super-homens. Segundo vários autores, o sexo masculino projecta na AI as particularidades que gostariam de ter: força, resistência e poder. As meninas criam-nos incompetentes para que com eles possam praticar aquilo que socialmente se espera do sexo feminino, a ajuda, compreensão e protecção, desempenhando assim o papel de cuidador na relação. Por estes motivos é mais frequente serem os meninos a encarnar as personagens que fantasiam, considerando-se o Super-homem, o Zorro, etc.

Estes produtos da imaginação são muito úteis no evitamento da culpa, da crítica e na possibilidade de manutenção da auto-estima. Culpar o amigo invisível permite identificar e internalizar as expectativas parentais possibilitando uma maior consciencialização daquilo que é correcto ou não.

A comunicação é, sem dúvida, facilitada pelos AI. Até os adultos frequentemente expõem uma dúvida ou situação que lhes é difícil e dolorosa começando por referir que o problema é de um amigo. Da mesma forma a criança pode verbalizar, através do AI, questões que a afligem utilizando-o como veiculo de expressão de medos e receios.

O trauma pode ser um motivo para a sua criação dado que permite um auxílio activo desempenhando uma compensação emocional. Esta não deve ser considerada uma situação alarmante desde que a criança não perca a capacidade de brincar espontaneamente e se isole.
Quando questionada, a criança descreve todas as características físicas do seu amigo invisível de forma pormenorizada. Quando lhe é associado um brinquedo, a descrição é habitualmente diferente das características reais, o que evidencia o grau de fantasia envolvido.

O Hobbes é, para o Calvin, alto, expressivo, extremamente forte e selvagem… para a Susie é simplesmente um peluche fofinho e felpudo.

Os AI têm um papel positivo e construtivo no desenvolvimento da personalidade.
Podem manter-se por cerca de 3 anos; quando desaparecem a criança justifica com uma viagem longa, uma morte repentina ou simplesmente caem no esquecimento.

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